segunda-feira, 7 de junho de 2010

Blog da jornalista Renata Pacheco fala sobre "Olhos Azuis"


Do Blog "Renata Pacheco", por Renata Pacheco
      Preconceituoso. Esta é a palavra-chave para o longa “Olhos Azuis” dirigido por José Joffily. O preconceito não está nos olhos do chefe da imigração do Aeroporto JFK e sim do próprio americano em querer ser o dono da verdade, dono da razão.


Bia e Marshall se encontram pela primeira vez em Recife (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Fred Jordan)
  
     Fique atento ao começo do filme, pois mostra apenas trechos, que a princípio, podem parecer sem nexo, já que o desenrolar da história começa mesmo na sala da imigração, onde Marshall (David Rasche), chefe da imigração do Aeroporto JFK, comemora seu último dia de trabalho. Ele, além de alcóolatra, é o responsável por barrar estrangeiros que “sonham com o paraíso americano”. Mal sabe os viajantes, que entrarão em um inferno.

Bob tenta acalmar Marshall (Crédito: Divulgação/Imagem 
Filmes/Estevam Avellar)

        O longa só começa a ficar interessante quando ele vem ao Brasil dois anos após sua aposentadoria, precisamente em Recife, atrás de uma menina chamada Luiza. No entanto, acaba encontrando com Bia (Cristina Lago), uma prostituta, que por sinal fala muito bem inglês, e que acaba sendo seu anjo da guarda – já que o machão “descobre” que está com um tumor.

Marshall "descobre" que está com um tumor (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Helder Tavares)

        Ora NY, ora Recife, ora Petrolina: é assim que a trama de “Olhos Azuis” se desenrola. A medida em que Marshall e seus subordinados se divertem complicando a entrada no país de vários latino-americanos, o filme fica mais tenso e o telespectador tem vontade de socar e falar “algumas verdades” para tal personagem.

Bia e seu avô no sertão brasileiro  (Crédito: Divulgação/Imagem 
Filmes/Helder Tavares)

    Dentre os imigrantes, há dois poetas argentinos, uma bailarina cubana, um grupo de lutadores hondurenhos e Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA. Em clima de alta tensão, Marshall cria situações cada vez mais constrangedoras, até provocar um duelo entre ele e o brasileiro. A partir daí, já é possível descobrir quem é Luiza e porque Marshall foi atrás dela.

A bailarina cubana e o brasileiro Nonato (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Estevam Avellar)

     O remorso de ter falado coisas tão horríveis para o brasileiro “olhos negros”, além de ter visto a morte de perto, fez com que o americano abondonasse seu país, atravessasse o Nordeste brasileiro, cruzasse o sertão até encontrar a bela região do rio São Francisco. Tudo isso para pedir perdão à família de Nonato e com a ajuda de Bia – que tem uma atuação brilhante ao encontrar seu avô no serão.
Marshall e Bia em Petrolina à procura de Luiza (Crédito: 
Divulgação/Imagem Filmes/Helder Tavares)

     Se antes de assistir o filme você gostava dos Estados Unidos, após vê-lo, terá um novo olhar sobre como a América Latina é vista pelos yankees. Com certeza comunistas e socialistas falarão: “eu bem que avisei para não pisarem lá!”. Além de preconceituoso, o filme mostra claramente a ignorância da sociedade americana.
      O thriller “Olhos Azuis”, grande vencedor do II Festival Paulínia de Cinema com seis prêmios, incluindo o de Melhor Filme, tem sua estreia nacional dia 28 de maio.

Um comentário:

  1. O comentário final é uma generalização um tanto quanto perigosa. As políticas de imigração do governo norte-americano não necessariamente refletem o pensar de toda a sua sociedade. Perguntem para os bolivianos, peruanos e outras nacionalidades de nossos arredores aqui da América Latina sobre como é vir tentar a vida no Brasil. Para grande parte resta trabalharem em sweatshops tupiniquins em São Paulo e outras cidades (sim, existem!!!). Além disso tem o preconceito contra estes "índios", em suma, estrangeiros, o Outro. O mesmo vale para o nordestino que migra para o Sudeste do país. A crítica do filme é muito válida e muito necessária visto o nacionalismo exacerbado que ressurgiu na Europa e existente em regiões fronteiriças norte-americanas, mas temos que tomar muito cuidado com as generalizações, pois elas podem ser tão preconceituosas como o ato preconceituoso praticado.

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